Por Tiago Miranda Costa em Gestão de Clínicas | Postado em 6 de abril de 2021
Não é difícil encontrarmos profissionais da saúde que também são empreendedores, como médicos e dentistas com suas clínicas e consultórios próprios. E também não é incomum que esses profissionais tenham dificuldades em separar conta PF da PJ.
Ou seja, não saibam, exatamente, quanto de dinheiro é da empresa (e deve ser aplicado como capital de giro do negócio) e quanto sobra para ele, como pessoa física, no final do mês.
Essa confusão é capaz de trazer sérias dificuldades à gestão financeira, impedindo o seu negócio de crescer como deveria. Será que esse é o seu caso? Você separa a conta PF da PJ? Siga conosco e veja as dicas importantes que separamos!
Antes de tudo, é preciso entendermos muito bem os conceitos e diferenças. A conta PF é aquela destinada à pessoa física, e a PJ, à pessoa jurídica, ou seja, a conta da sua empresa, aberta com o CNPJ dela.
A conta PF deve ser usada para você receber o seu pró-labore como sócio do negócio – e a conta PJ para movimentar as despesas e recebimentos do consultório, evitando misturar o dinheiro em uma só conta.
Sem um bom controle financeiro, você terá dificuldades de entender, por exemplo, o quanto o seu negócio em saúde está lucrando (ou não), controlar o fluxo de caixa e tomar decisões embasadas, estratégicas e conscientes.
Quando a conta PF e PJ são, na verdade, uma só, fica difícil entender os gastos e os ganhos do seu negócio, bem como garantir a sustentabilidade e o crescimento dele.
Por isso, separar a conta PF da PJ é uma das primeiras ações que um bom contador tomará ao gerenciar a sua empresa, pois essa atitude auxiliará a mapear as finanças da empresa de forma mais clara. Dessa maneira, o empreendedor tem um controle maior sobre as receitas e os gastos – e, com essas informações, conseguirá fazer o planejamento financeiro do negócio.
Além disso, ao dispor de uma conta PJ, você terá acesso a benefícios, como: redução das tarifas, acesso à financiamentos e empréstimos, cartão de crédito especial, acesso a produtos e serviços completos voltados às necessidades das empresas, atendimento diferenciado e mais facilidade de investimentos.
Ao não separar as contas PJ da PF, você corre risco de ficar sem capital de giro, fluxo de caixa e investimento para seu negócio, perder o controle das finanças pessoais e ter problemas de crédito pessoal, ao usar cartões em seu nome para conseguir empréstimos e financiamentos que serão usados na empresa.
Já está convencido da importância de separar a conta PF da PJ, mas não sabe por onde começar? Veja as dicas que separamos!
Antes de começar a separar conta PF da PJ, é preciso entender muito bem a realidade financeira do seu consultório. Você deverá ser capaz de definir qual é o lucro real da sua empresa e quanto, por mês, você gasta com despesas pessoais.
A forma mais simples de fazer isso é anotar, em uma planilha ou em um caderno, todas as contas da empresa (entradas e saídas) e, em outra planilha, todos os seus gastos pessoais (fixos e variáveis).
É fundamental incluir TUDO nesse momento, compra de insumos para o consultório, aluguel, conta de energia etc., assim você terá um retrato fiel das finanças do consultório e das suas necessidades pessoais.
É muito importante que você abra duas contas bancárias, uma para o consultório e outra para uso pessoal. A conta do consultório pode ser aberta via pessoa jurídica, com seu CNPJ, assim você terá acesso a benefícios importantes para o crescimento da sua empresa, como linhas de crédito, financiamento e taxas diferenciadas.
Se você não tem uma empresa constituída, ou seja, atende os pacientes usando o seu CPF, não tem problema. Crie duas contas distintas mesmo assim, ambas com seu CPF, uma para movimentar o dinheiro do consultório e outra para sua renda pessoal.
O fluxo de caixa é uma ferramenta importantíssima para a gestão financeira de qualquer empresa – e criar o hábito de realizá-lo auxiliará muito a melhorar o controle e os resultados do seu negócio.
O fluxo de caixa é simples, pode até ser uma planilha, na qual você deverá anotar todas as entradas e saídas da sua empresa. Você poderá atualizá-lo todos os dias, todas as semanas ou todos os meses. A recomendação é que você não fique muito tempo sem atualizar o fluxo de caixa, ou poderá correr o risco de se esquecer de lançar movimentações importantes.
Ao analisar o fluxo de caixa, você conseguirá entender se o seu consultório tem apurado lucro ou prejuízo dentro do mês – e também poderá definir com mais facilidade qual poderá ser o seu pró-labore, sem que isso comprometa a capacidade da sua empresa de arcar com suas dívidas e de continuar funcionando.
Existem alguns softwares de gestão de clínicas que já dispõem do fluxo de caixa, basta você adicionar os dados e automaticamente ele realizará o processo.
Outro benefício de usar o fluxo de caixa é conseguir definir qual é o seu ponto de equilíbrio. Ou seja, quantos pacientes, em média, você deve atender em um mês apenas para cobrir os gastos do seu negócio – e a partir de quantos, você consegue ter lucro.
Agora que as finanças do consultório já estão mais bem organizadas, ficará simples definir qual será o seu pró-labore, ou seja, quanto receberá de salário. Esse valor deve ser suficiente para arcar com seus gastos pessoais e não pode ser maior do que a sua empresa pode pagar, deixando-a endividada.
Então, é fundamental que você tenha anotado todos os seus gastos mensais e também tenha um fluxo de caixa bem montado do seu consultório.
Caso a sua empresa não seja capaz de pagar o suficiente que você necessita, pode ser necessário reduzir o seu padrão de vida ou pensar em formas de atrair mais pacientes, para ter mais lucro por mês – também pode ser válido pensar em ações para reduzir os custos do seu consultório, sem comprometer a qualidade do seu atendimento.
Por fim, crie o hábito de ter uma reserva financeira, tanto na sua conta PF, como na sua conta PJ.
Separe um pouco do lucro do seu negócio para investir nele próprio e, outra parte, para lidar com imprevistos. Esse valor poderá ser usado para situações emergenciais, evitando que você tenha de recorrer a empréstimos, por exemplo.
O mesmo pode ser feito para sua conta pessoal. Separando um pouco do seu orçamento todos os meses e depositando em uma conta poupança ou outro investimento.
Agora, você já sabe porque e como separar sua conta PF da PJ? Se curtiu este conteúdo, assine a nossa newsletter e receba direto no seu e-mail dicas bacanas de gestão e marketing de empresas de saúde!
Última atualização em 26 de dezembro de 2022 por Tathiane Vidal